"Estava ansioso. Ansiosíssimo. “Anxieux”, como dizem os franceses. Foram meses na espera para jantar no
mais badalado restaurante do mundo.
O maitrê me recebeu com um sorriso e um
pescotapa, bem dado. Fez até barulho. Incrível!
Antes que pudesse expressar minha surpresa
me mandaram ficar quieto e comentaram minha careca. Apelidos como “bola de
boliche”, “bozo” e “pouca telha” pontuaram a procura pelo meu nome na lista,
entre risos maldosos.
Me encaminharam até minha mesa com chutes
leves no meu tornozelo, que me faziam trupicar propositalmente. A gentileza de
puxar a cadeira foi prontamente substituída por um cuecão do garçom, que
confessou tentar colocá-la na minha nuca.
Sentei e levantei em seguida, com um
impulso. Tachinha. Joguei fora e me sentei novamente.
Pedi meu prato. Ao alcançar os talheres, um
cliente mal encarado chegou na minha mesa. A ordem era clara: ou pagava sua
conta ou ele comia o que pedi.
Fui embora com todos apontando e rindo de
mim. Antes de entregar o carro, o vallet me chutou a bunda com a chapa do pé. Amassei o papel que colaram nas minhas costas e o estufei delicadamente no lixinho preso ao câmbio.
Meu veredicto?
El Bullying, um restaurante de vanguarda.”
- inspirado por: http://obviousmag.org/archives/2010/03/el_bulli_o_melhor_restaurante_do_mundo_1.html
- inspirado por: http://obviousmag.org/archives/2010/03/el_bulli_o_melhor_restaurante_do_mundo_1.html