quinta-feira, 25 de julho de 2013

Frases que impressionam no primeiro encontro

- Sabe, desde meu segundo namoro eu me apaixonei pelo trabalho do detetive particular. O grampo no telefone da mãe dele funciona até hoje.

- Você sabia que sou escoteiro? Fui promovido de lobinho para lobo. Se ficarmos perdidos na floresta faço fogueira e tudo.

- Ah, obrigada. Eu adoro esse vestido. Não tem nada mais lindo que feminilidade, não acha? Por isso que nunca depilei na vida.

- Você gostar de onde estou te levando. Romântico, intimista. E o melhor: tem um mini kibe cremily incrível.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Um homem chamado Ênis

A História conta que em 1922 arqueólogos britânicos encontraram a tumba perdida do faraó Tutancâmon, morto precocemente aos 19 anos. Uma vez aberto, o local de repouso eterno do jovem soberano do Egito fez surgir uma lenda: a Maldição do Faraó.

Todos que interrompessem seu descanso iriam se juntar a ele. Além de Dener, Costinha e uma terceira celebridade de sua escolha.

A verdade é que uma das causas para as eventuais mortes atribuídas à “maldição” foi um fungo microscópico, que aproveitou a saúde frágil de uma visitante da tumba.

Mas aí era tarde. Mesmo que o fungo confessasse tudo e abrisse seu coração em uma entrevista para o Zeca Camargo, seria em vão. O legal mesmo é culpar uma maldição misteriosa, com chances dela um dia virar um filme da Tela Quente.

Pois é de maldição que essa história fala.

60 anos após a descoberta da tumba, longe dali em um país bonito por natureza, nascia o pequenino Ênis Ribeiro Longo. E pior que Tutancâmon, que pelo menos curtiu uma adolescência chegando de biga faraônica pelas Wood’s do Egito, nosso protagonista já chegou ao mundo amaldiçoado.

Seu pai, ciente da combinação explosiva com seu sobrenome, o registrou em cartório para seguir um padrão. Afinal, tratava-se do caçula dos filhos Élio e Ênio. Superstição? Talvez. Ingenuidade, quem sabe. Falta de noção? Com certeza.

Acontece que ao registrar este nome, mal sabia ele o estigma que causaria ao filho. Da pré-escola à formatura, toda lista de chamada era um momento de tensão para o pobre Ênis Longo. Seus namoros sempre terminavam precocemente. Afinal, na sua provinciana cidade, nenhuma menina queria a fama de ser vista se agarrando com ele por aí.

Mas o que para muitos seria o fim, motivo para anos de terapia e uma personalidade insegura, para Ênis foi somente um combustível para sua dedicação incansável. 

Ênis transformou anos de piadas e bullying em combustível aditivado para seu ímpeto de batalhador.

Aguerrido e sempre firme às suas convicções, nosso herói trabalhou duro, muitas vezes até tarde da noite, para atingir seus objetivos. Com garra, fez todo constrangimento que passou ser a lenha para o fogo de sua força de vontade.
Valeu a pena. Hoje, Ênis, orgulhosamente, é um baita pica grossa na empresa onde trabalha.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Faixa Preta

Estudos comprovam que você só atinge a maioridade paternal quando completa um mandato de no mínimo 25 anos na função de pai.

Só assim você recebe o equivalente a faixa preta da paternidade.

Uma camisa pólo para dentro da calça jeans, com um tênis de corrida ultra colorido que não combina em nada com a roupa, mas é confortável nos pés. E isso basta.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Taxa

Saiu no Diário Oficial.

A recém criada “Taxa Migué” impõe uma rigorosa obrigação aos convidados de aniversários em barzinhos. De agora em diante, todos que saem muito antes da festa acabar terão que deixar 20% adicionais ao que considerou que consumiu na mesa.

Alegações como “então, comi só uma coxinha e meia dessa porção de 6” automaticamente aumentam a taxa em 25%.

Valores excedentes ao final da conta serão destinados ao Fundo de Amparo ao Aniversariante que Tomou Prejú, e poderão ser resgatados em qualquer agência da Caixa ou boteco que serve cerveja em copo americano.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Da série: cenas improváveis para um final de comédia romântica

Réveillon. Protagonista reencontra seu grande amor na praia, minutos depois da contagem da virada e meses depois de um término mal resolvido que angustiou o expectador nos últimos 30 minutos do filme.

Vieram caminhando de pontas opostas na praia.

- Oi.

Suspiram em sintonia. Ela responde.

- Oi.

Ele interrompe o silêncio com um sorriso. E uma pergunta.

- Você já beijou alguém esse ano?

Ela molha os lábios com a ponta da língua. Olha para os pés descalços e em seguida olha para ele.

- Então... Já.

Corta a música romântica. Cessam os violinos, os fogos, o barulho da espuma na areia. Em um “mute” constrangedor, pessoas de branco pulam ondinhas ao fundo.

- Eu não. Quebra essa?

Se beijam.

Fim.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Bife Hipster

Com o sucesso do bife Kobi, especialistas e entusiastas da gastronomia enxergaram um vasto potencial e criaram o Bife Hipster.

Nele, o boi é criado com uma série de mimos e técnicas que fazem sua carne ser uma iguaria sem igual.

Confira você também:

- O boi só escuta folk. Em vinil. Os primeiros 3 anos de vida são dedicados à discografia de Bob Dylan, intercaladas por uma narração ininterrupta... de “On The Road”.

- Sua pelagem é cuidada por um tratador/barbeiro vintage, que apara os pêlos - só com navalha - e faz que eles cresçam atrás da orelha, criando um único e belo mullet bovino.

- A alimentação é preparada com exclusividade por um bistrôzinho escondido no centro de São Paulo, que semanalmente envia pratos de sua cozinha fusion japonês-peruana.

A sugestão de consumo é sempre a mesma e vai estampada na embalagem: before it is cool.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Máquina do Tempo

Embarque comigo nessa máquina do tempo para a 5a série:

- Daqui a pouco acaba o recreio.
- Daqui a pouco acaba o recreio.

- Você vai ficar me imitando?
- Você vai ficar me imitando?

- Como você é idiota, cara.
- Como você é idiota, cara.

- Para, pô!
- Para, pô!

- Eu sou gayzão!
- Há! Eu sabia. O Dudu é gayzão, la la lá!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Amorcalipse

Um nervoso Seixas encosta seu Voyage velho em frente ao portão de um sobrado. Ajusta o óculos com o dedo indicador e dá 3 buzinadas, como combinado. Minutos depois, o portão se abre. Uma assustada Kelly olha para os lados para atravessar a rua, carregando uma surrada mala marrom clara.

Bate a porta do carro, e só interrompe o silêncio depois de alguns longos segundos.

- Aí Seixas... O que será de nós?

Só a expressão de medo naquele rostinho iluminado pelo poste da rua fazia Seixas querer contar tudo. Abraçá-la, protegê-la. Mas seguiu firme.

- Não há motivo para pânico, Kelly. Vai dar tudo certo.

O carro ganhou as ruas e seguiu seu rumo pela madrugada.

- Que sorte a minha de ser amiga do astrólogo...

Seixas a interrompe.

- Astrônomo.

- Isso mesmo, astromono. Do astrólogo que descobriu esse asteróide terrível. Onde fica esse abrigo subterrâneo?

- A alguns quilômetros daqui. O governo já arranjou um lugar para toda sua família, fique tranquila. E preparei uma série de mantimentos para esse tempo de reclusão.

- Ai, que bom. O que você trouxe?

- Ah Kelly, coisas importantes. Um purificador de água e outro de ar, sementes, painéis solares e alimentos variados.

- Jura?? Você trouxe Bis Branco? Você sabe que não vivo sem Bis Branco, Seixas.
Antes que pudesse impedir, Kelly se esticou entre os bancos de frente e abriu as caixas de papelão.

- Kelly! Não mexa aí! Tem um equipamento delicado, que pode...
Mas já era tarde.

- Seixas, o que é isso?

Um silêncio de tensão envolveu todo o carro.

- O mundo vai acabar e tudo que você trouxe para passar o apocalipse é isso?

- Kelly, você abriu a caixa errada. Todas as outras são só de itens básicos para nossa sobrevivência.

Nem o próprio Seixas se convenceu. Perplexa, Kelly foi tirando item a item.

- Vinho Lambrusco? “Ghost – do outro lado da vida”? Panela de foundie? Edredom?

Burro. Idiota. Imbecil. Seixas olhava fixo para a estrada, arrasado com o fracasso do seu plano. Agora ele nunca mais veria Kelly. Talvez a veria, no dia de visita na cadeia. “Tentativa de sequestro”. Tentativa de um desesperado. De um apaixonado.

Seus pensamentos foram interrompidos por dedos macios, que alisaram a parte externa de sua mão como se fossem trocar de marcha juntos. Seixas relutou em olhar para o lado. Mas logo começou a desistir da ideia com o canto do olho. E aos poucos, viu por completo o sorriso que vinha do banco do passageiro.

- Pois então, que venha o fim do mundo.

E deslizando por ruas sinuosas, o carro seguiu para seu abrigo subterrâneo na Ricardo Jafé.