A História conta que em 1922 arqueólogos britânicos encontraram a
tumba perdida do faraó Tutancâmon, morto precocemente aos 19 anos. Uma
vez aberto, o local de repouso eterno do jovem soberano do Egito fez
surgir uma lenda: a Maldição do Faraó.
Todos que interrompessem seu descanso iriam se juntar a ele. Além de Dener, Costinha e uma terceira celebridade de sua escolha.
A verdade é que uma das causas para as eventuais mortes atribuídas à
“maldição” foi um fungo microscópico, que aproveitou a saúde frágil de
uma visitante da tumba.
Mas aí era tarde. Mesmo que o fungo confessasse tudo e abrisse seu
coração em uma entrevista para o Zeca Camargo, seria em vão. O legal
mesmo é culpar uma maldição misteriosa, com chances dela um dia virar um
filme da Tela Quente.
Pois é de maldição que essa história fala.
60 anos após a descoberta da tumba, longe dali em um país bonito por
natureza, nascia o pequenino Ênis Ribeiro Longo. E pior que Tutancâmon,
que pelo menos curtiu uma adolescência chegando de biga faraônica pelas
Wood’s do Egito, nosso protagonista já chegou ao mundo amaldiçoado.
Seu pai, ciente da combinação explosiva com seu sobrenome, o
registrou em cartório para seguir um padrão. Afinal, tratava-se do
caçula dos filhos Élio e Ênio. Superstição? Talvez. Ingenuidade, quem
sabe. Falta de noção? Com certeza.
Acontece que ao registrar este nome, mal sabia ele o estigma que causaria ao filho. Da pré-escola à formatura, toda lista de chamada era um momento de
tensão para o pobre Ênis Longo. Seus namoros sempre terminavam
precocemente. Afinal, na sua provinciana cidade, nenhuma menina queria a
fama de ser vista se agarrando com ele por aí.
Mas o que para muitos seria o fim, motivo para anos de terapia e uma
personalidade insegura, para Ênis foi somente um combustível para sua
dedicação incansável.
Ênis transformou anos de piadas e bullying em combustível aditivado para seu ímpeto de batalhador.
Aguerrido e sempre firme às suas convicções, nosso herói trabalhou
duro, muitas vezes até tarde da noite, para atingir seus objetivos. Com
garra, fez todo constrangimento que passou ser a lenha para o fogo de
sua força de vontade.
Valeu a pena. Hoje, Ênis, orgulhosamente, é um baita pica grossa na empresa onde trabalha.
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