terça-feira, 23 de julho de 2013

Um homem chamado Ênis

A História conta que em 1922 arqueólogos britânicos encontraram a tumba perdida do faraó Tutancâmon, morto precocemente aos 19 anos. Uma vez aberto, o local de repouso eterno do jovem soberano do Egito fez surgir uma lenda: a Maldição do Faraó.

Todos que interrompessem seu descanso iriam se juntar a ele. Além de Dener, Costinha e uma terceira celebridade de sua escolha.

A verdade é que uma das causas para as eventuais mortes atribuídas à “maldição” foi um fungo microscópico, que aproveitou a saúde frágil de uma visitante da tumba.

Mas aí era tarde. Mesmo que o fungo confessasse tudo e abrisse seu coração em uma entrevista para o Zeca Camargo, seria em vão. O legal mesmo é culpar uma maldição misteriosa, com chances dela um dia virar um filme da Tela Quente.

Pois é de maldição que essa história fala.

60 anos após a descoberta da tumba, longe dali em um país bonito por natureza, nascia o pequenino Ênis Ribeiro Longo. E pior que Tutancâmon, que pelo menos curtiu uma adolescência chegando de biga faraônica pelas Wood’s do Egito, nosso protagonista já chegou ao mundo amaldiçoado.

Seu pai, ciente da combinação explosiva com seu sobrenome, o registrou em cartório para seguir um padrão. Afinal, tratava-se do caçula dos filhos Élio e Ênio. Superstição? Talvez. Ingenuidade, quem sabe. Falta de noção? Com certeza.

Acontece que ao registrar este nome, mal sabia ele o estigma que causaria ao filho. Da pré-escola à formatura, toda lista de chamada era um momento de tensão para o pobre Ênis Longo. Seus namoros sempre terminavam precocemente. Afinal, na sua provinciana cidade, nenhuma menina queria a fama de ser vista se agarrando com ele por aí.

Mas o que para muitos seria o fim, motivo para anos de terapia e uma personalidade insegura, para Ênis foi somente um combustível para sua dedicação incansável. 

Ênis transformou anos de piadas e bullying em combustível aditivado para seu ímpeto de batalhador.

Aguerrido e sempre firme às suas convicções, nosso herói trabalhou duro, muitas vezes até tarde da noite, para atingir seus objetivos. Com garra, fez todo constrangimento que passou ser a lenha para o fogo de sua força de vontade.
Valeu a pena. Hoje, Ênis, orgulhosamente, é um baita pica grossa na empresa onde trabalha.


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