sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Desculpas Esfarrapadas de Primeiro Grau



Gostaria de te apresentar ao Alberto. Para os caras do futebol de terça, o Betão. Para as colegas de trabalho, o Albie.


Mas fiquemos com Alberto, mais neutro.


O que aconteceu com Alberto foge de toda compreensão humana. Quebra paradigmas. Coloca em cheque nossa noção de evolução.


Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?


Era sexta-feira, 20 horas, 17 minutos e 21 segundos quando nosso herói quarentão recebeu o convite de 3 amigos para beber uma cerveja.


“Vamo lá, cara... Só dois chopinhos, pra afrouxar a gravata”


Relutante mas ciente que concordaria no fim, de imediato o gentil Alberto recusou o convite. A patroa era brava e mestre na arte de guardar erros por anos a fio, com o talento impar de usá-lo para nocautear uma discussão.

Mas os colegas insistiam, descrevendo o sabor refrescante de um chopp gelado e de espuma cremosa. Salivando, Alberto tentou fazê-los entenderem seu lado.


Explicou das ordens explícitas de estar cedo em casa. Que sábado tinham que fazer orçamentos em duas Telhanorte, a tempo de chegar no almoço da sogra com a massa que encomendaram na rotisserie.


“Obrigado moçada, fica pra próxima.”


Era sábado, 11 horas, 32 minutos e 01 segundos quando Alberto tentou pular o portão da sua casa. Visivelmente bêbado, equilibrando-se com uma perna em cada lado de sua propriedade.

Após incríveis 20 segundos mantendo seu corpo como um pêndulo, caiu como um peso morto para o lado de dentro. Temendo estar sendo observado, levantou-se com a agilidade de um ninja grávido de 9 meses.


Caminhou sorrateiro para a entrada, sondando o perímetro com o canto de sua vista.

Ao alcançar a maçaneta, sua mão abriu o vácuo. Demoraram alguns segundos para ele entender quem tinha feito a gentileza de lhe abrir a porta.


- Eu quero uma resposta. E quero uma bem dada. Por isso, Alberto, pense bem antes de me responder. Onde DIABOS você estava?

Alberto respirou fundo. E com a mesma profundidade, olhou nos olhos de sua mulher e respondeu, entre seco e sério.


- Acho melhor você sentar.


Alberto subitamente ficou sóbrio. Como que se a lembrança do acontecido fizesse toda bebedeira ir embora. Naquele momento, sua única missão no mundo era contar o que aconteceu. Pouco importavam as consequências, o espanto que causaria.


O mundo precisava saber a verdade.


Agachou em frente a uma já impaciente esposa e disse, arregalando os olhos:


- Você não vai acreditar. Eu fui abduzido.





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