domingo, 8 de novembro de 2009

Mulher Kriptonita










O cara é de aço. Tem olhos com laser que abrem buracos em paredes e uma visão raio-x para passar por roupas e conferir conjuntos de lingeries. Zunindo pelos ares, ele rasga céus de brigadeiro abrindo caminho entre granulados de nuvens. Salva o mundo como quem confirma presença numa reunião pelo outlook, e ainda faz tudo isso vestindo um colant azul e uma sunga vermelha por cima.

E mesmo assim, tão super que é, pode perder todos seus poderes com uma mísera pedra esverdeada lá do seu planeta. É deixar uma pedrinha dessas por perto que nosso heroí não voa, não ergue carros, não salva o dia se trocando em cabines telefônicas.

Pois é assim com homens. Não importa se é o mais sangue frio dos conquistadores modernos, que gerencia suas mulheres como um executivo administra um negócio, daqueles que demitem sem dó um pai de família. Um e-mail bonito ali, uma graça via SMS aqui, um telefonema com um gracejo acolá e pimba: usufruem uma lista de mulheres a espera de um telefone no dia seguinte, que provavelmente será substituído com uma ligação para a próxima conquista.

Recados de batom no espelho, surpresas com dias de planejamento, declarações sussuradas no ouvido... Nada e ninguém os balança ou induz a qualquer erro comum a um apaixonado. Ninguém, há não ser uma pessoa: a mulher kriptonita.

Todo homem, sem exceção, tem pelo menos uma mulher que mexe com seus sentidos e bambeia suas pernas quando aparecem, seja numa moldura de MSN ou ao vivo e a cores numa quinta a noite. Uma ex-namorada, uma paixão platônica, um caso mal resolvido que para todo sempre ficou marcado num coração que parece de pedra.

Elas são atemporais. Não importa se foi num baile de debutante, com ela indo embora da sua vida e da festa no carro de um primo mais velho. O tempo perde feio para a intensidade de um amor que um dia acertou em cheio. O reencontro pode acontecer 10, 20 anos depois. Será a mesma sensação quando ele se viu pela primeira vez completamente rendido por sua paixão.

A presença da sua kriponita faz um homem perder tudo que a vida amorosa até então lhe ensinou, todo seu encanto ensaiado, seu tão acertivo charme de sempre parecer que não se importa, com um sorriso misterioso. Tudo vai por água abaixo, como as lágrimas que um dia rolaram pelo seu rosto, justamente por ela.

A mulher kriptonita sabe do seu encanto. Do seu poder. Sabem – ou sentem - que tem total controle, como um marionete tem dos seus bonecos. E qualquer tentativa de disfarçar só deixa mais claro que ele se altera com sua presença. Aparecem para nos testar, para por a prova nosso poder de regeneração quanto a pior das dores – a de um coração partido.

Elas estão por aí, nas esquinas da vida. Como a última barreira, o último vilão que todo homem (super ou não) precisa vencer para mais uma vez ser o heroí do dia e salvar o mundo.

O seu mundo.

4 comentários:

Guilherme disse...

Daóra!

Rodolfus disse...

sensacional cara...

Hygino disse...

E quando são 72 mulheres kryptonitas diferentes?

Mel Cerri disse...

Fubinha,

Posso te dizer que as mulheres sofrem do mesmo mal? Temos a nossa kriptonita tbm. Aquele cara que a gente nunca esquece, que a gente reza pra não reencontrar pq sabe o perigo que ele oferece...

Parabéns pelo texto! Adorei!
Beijos