quarta-feira, 29 de abril de 2015

Allora...

(Ou: as primeiras impressões de uma cidade encantadora)
De mãos dadas no alto de um prédio, ele arremata: “You met me in a very strange time in my life”.
Prédios em frente começam a implodir e desabar, um a um. Entra a música. Os créditos. Fim.
Agora você deve estar se perguntando – e eu também – o que cazzo a última cena de “Clube da Luta” tem a ver com uma coluna de viagem sobre Turim? Humildemente, explico.
Passeando em Turim | Foto: Fábio Lattes

Você, caro leitor, está me conhecendo em uma época atípica na minha vida. Longe de casa há um tempo, há uma semana fui do esmero e a juventude de Sydney para o charme vintage de uma cidade que já viu muito nessa vida. Do sol mais forte e do céu mais azul que já vi na vida para um frio úmido e um céu que mais parece um constante filtro de Instagram, desses que usam para deixar selfies mais chiques.
Agora adicione a esse curioso contraste um pouco das minhas próprias expectativas. Minha ansiedade quanto ao futuro aqui, minha vontade de conhecer cada canto, aproveitar cada segundo. Pimba! A frase já faz um pouco mais de sentido.
Por isso, peço um pouco de paciência. Ainda não tenho a dica daquele lugar escondido com o melhor Cacio e Pepe (uma massa deliciosa com queijo pecorino e pimenta do reino). Opa. Já temos uma dica. Aliás, uma boa é o Na Garagem, em Pinheiros. Baita hambúrguer. Simples, tenro, preço justíssimo. Ô saudade.
Talvez essa seja a graça. Vou poder dividir com vocês cada descoberta, uma a uma.
Mas não pense que vou te deixar sair daqui de olhos abanando. Algumas coisas já me chamaram a atenção. Vamos a elas.
Comer é barato. Demais. Cinco euros uma massa. 3,50 um sanduba de presunto cru e gorgonzola. Com mais cinco, você emenda o “secondo piatto” e já começa a falar um pouco mais como os Berdinazzi em “O Rei do Gado”.
A fórmula europeia de encantamento arquitetônico se repete. Labirinto de ruas estreitas de prédios antigos que de repente se abrem em um oásis de paralelepípedo. As Piazzas. Logo de cara me deparei com uma enfeitada por um pequeno castelo, feito de tijolos marrons escuros iluminados para ajudar a cair o queixo pelo menos um pouquinho. Outra, com uma enorme estátua equestre. Outra, uma enorme fonte.
E andando por elas, eu. Com a cabeça como um giroscópio, tentando capturar cada detalhe, absorver cada impressão.
Pensando bem, vale um ajuste:

“You met me in an amazing time in my life.”


Texto originalmente postado no: http://mundoplot.com.br/category/colunas/ciao/


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