quarta-feira, 29 de abril de 2015

Caffè, dolce e um tiquinho assim de carimbó

A cidade amanhece. Faz frio. Encostando o cotovelo no balcão, ele pede um pingado chamando o atendente por algum apelido. Instantes depois, o café aveludado vem devidamente servido num copo americano. O homem agradece e com migalhas de pão na chapa grudados no bigode, segue seu rumo para conquistar outro pão.
Sempre achei incrível o papel protagonista do cafezinho no dia-a-dia do brasileiro. Ele é o convite para entrar em casa, para sintonizar na Rádio Peão do trabalho. Ele está cravado no Aurélio, na definição da primeira refeição do dia. Quer algo mais?
“Cafezinho”, aliás, é o terceiro colocado entre “palavras brasileiras” que te falam com um sorriso quando você conta que é do Brasil. Só perde para “Neymar” e a celebridade “Saudade”. (Sim, também torço para o dia que “Mussum” entre para o Top 3).
Turim amanhece do mesmo jeito. Cotovelos se apoiam nos balcões todas as manhãs em pequenos e simpáticos Cafés por toda cidade. E a 1 Euro cada, você curte um espresso curto e cheio de sabor. Cappuccinos, macchiatos e outras parentes também rodam o salão. Mas o espresso ainda é o rei.
E o pão na chapa? Aquele coringa do lanche matinal? Que vai bem com polenguinho, requeijão ou até sem nada – o que pessoalmente acho esquisito, mas até aí tem gente que prefere por Toddy no leite ou ovo frito com a gema dura.
Se existe o ditado “Minas não tem mar, mas tem bar”, diria (sem a rima) que Turim não tem pão na chapa, mas tem uns baita doces.
Há muito tempo, importar cacau ou a pasta base para chocolate estava muito caro. Para “fazer render” (quem nunca?), adicionaram avelã, muito comum na região, à mistura. Nascia o gianduia. Sabe o Nutella? Então, esse é o seu pai.
Pois bem. Nos mesmos cafés pelas esquinas, lá está ele. Em massas folhadas, em pãezinhos, barrinhas, sorvetes e afins. Por enquanto, o Bebeto e Romário do meu café em Turim é um folhado de gianduia e um café. O preço pela dupla? A bagatela de 3 Euros, no máximo.
Os cafés de Turim são incríveis e valem cada visita. Todo lugar em que uma cidade começa o dia é sempre uma janela escancarada para conhecer um pouco mais o que é ser de lá.
É só sentir o cheirinho do café e abrir a porta.


Texto originalmente publicado no: http://mundoplot.com.br/category/colunas/ciao/

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